VI Bienal de Dança De Par Em Par

A Bienal Internacional de Dança do Ceará / de Par em Par, ou simplesmente Bienal de Par em Par, como ficou conhecida, teve sua primeira edição realizada em 2008. O propósito principal desse projeto era criar possibilidades para que distintas ações da Bienal, sobretudo aquelas de caráter formativo, pudessem seguir se desdobrando para além do período do evento. Um outro traço presente na gênese da Bienal de Par em Par era a abertura de espaço para que as várias interfaces da dança com outras expressões artísticas, tais como o teatro, a performance, as artes visuais, o vídeo e o cinema pudessem ser inseridas na programação do evento. Passada uma década desde o advento de sua primeira realização, a Bienal de Par em Par celebra sua 6ª edição e seus dez anos de existência fazendo um exercício de “retorno às origens”.

Atravessando, como vários outros festivais artísticos do Brasil, um período de terríveis adversidades decorrentes não só da crise econômica que o país atravessa, mas também do descaso e de tantos outros descalabros promovidos por um governo federal tão insensível à cultura que chegou a propor a extinção do próprio Ministério da Cultura, a Bienal acontece esse ano unicamente em função de sua teimosia e resiliência. Teimosia e resiliência que ante a escassez de recursos, as manifestações de racismo, homofobia, intolerância e extremismos que grassam pelo país, nos instigam a seguir adiante afirmando ainda mais veementemente os valores da pluralidade, do respeito à diferença, do diálogo, da liberdade e da invenção. Pautados por essas referências e contando com a parceria de amigos, colegas, artistas e instituições que a elas se alinham, conseguimos contornar uma série de obstáculos para que esse evento pudesse se concretizar. As parcerias são a marca dessa Bienal de Par em Par!

Em 2018, o festival apresenta uma série de mostras associadas que conferem uma enorme diversidade de proposições à programação artística. Algumas dessas mostras são produzidas diretamente pela Bienal, outras são eventos associados que atuam de forma sinérgica com nossa programação artística e formativa visando a ampliar o alcance das ações propostas.

A programação artística traz companhias do Canadá e da Suíça – Cie. Marie Chouinard e Cie. Alias respectivamente – além de grupos e artistas expressivos da cena nacional, tais como a artista multimídia Linn da Quebrada, o grupo Cena 11, a performer Jussara Belchior, a Anti Satus Quo Companhia de Dança/Luciana Lara, a Cia Nós No Bambu/Poema Mühlenberg e Ângelo Madureira.

A presença de artistas internacionais é ampliada por meio do Percursos de Criação, contando com a presença de Amy Bell, artista do Reino Unido, e de Fabrice Ramalingon, coreógrafo francês de com vasta carreira internacional. grande projeção. Esses artistas atuam em processos criativos junto a companhias e grupos locais e parte do resultado desses processos é agora apresentado na programação.

O espaço destinado aos artistas cearenses ganha um destaque especial nessa edição. Contando com várias curadorias e com as mostras associadas “Pequenos Trabalhos Não São Trabalhos Pequenos”, Canteiros de Criação: atitudes criativas nos espaços formativos, II Festival Internacional de Danças Urbanas na Cena, mais de 150 trabalhos serão apresentados.

As mostras de videodança REDIV e on tour também integram as mostras associadas, apresentando 23 curtas de dança de vários países.

Incluindo trabalhos que fazem dialogar a dança, o teatro, a performance, o audiovisual, as artes visuais, o circo, entre outras manifestações artísticas, essas plataformas são provavelmente o que melhor retrata esse movimento de “retorno às origens” da Bienal de Par em Par.

Como em outras edições, abrangendo trabalhos locais e nacionais, a programação estende-se por quatro cidades do interior do Ceará: Itapipoca, Trairi, Paracuru e Pacatuba. Ao longo dos anos, esses municípios tornaram-se não só destinos frequentes do evento, mas parceiros importantes para a inclusão de novos públicos e para a geração de sinergia na realização de ações conjuntas.

Entre as ações formativas da Bienal de Par em Par, destaca-se o projeto Trajetos EnCena, realizado desde 2015 e concebido como uma ação de promoção do acesso ao saberes e fazeres das produções coreográficas. Em 2018 apresentará duas criações coreográficas com jovens do Grande Vicente Pinzon, do Bom Jardim e de diversos outros bairros de Fortaleza.

Uma outra importante realização é o “Diálogos Quebec / Ceará – intercâmbios artísticos e acadêmicos em dança”. Trata-se de uma ação envolvendo professores do departamento de dança da UQAM – Université du Quebec à Montréal e professores das graduações em dança da UFC com a finalidade de dar início a uma aproximação e a parcerias entre as cenas coreográficas e acadêmicas do Ceará e do Quebec.

Contemplar à distância a programação da Bienal de Par em Par 2018 equivale a observar de longe um grande mosaico, multi referenciado, sem forma definida, banhado de tons que se interpenetram e se misturam, atravessado e pontilhado por vetores e campos de força. Muitos modos de ver, perceber e fazer. Quanto mais próximo, mais polissêmico torna-se esse mosaico, evidenciando particularidades que dão a ver múltiplas singularidades; o que se revela é a policromia de distintos contextos e paisagens refratada pelos olhares das várias curadorias presentes nessa edição da Bienal de Par em Par.

Essa Bienal se faz da soma de muitos desejos e olhares, de muitas mãos e cumplicidades. Como uma dança que nunca cessa, diferenciando-se em sua própria repetição e teimosia, segue em busca de novos possíveis, insiste em afirmar a alegria e a empatia, a beleza e a graça dos encontros, a potência da arte e da vida. Venha celebrar conosco a dança em suas pluralidades. Encontremo-nos!

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APRESENTAÇÃO

A VI Bienal Internacional de Dança do Ceará / De Par Em Par é apresentada pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, tem o apoio institucional do Governo do Estado do Ceará, via Secretaria da Cultura (Lei Estadual Nº 13.811 – Mecenato Estadual), numa realização da Indústria da Dança e Proarte. Agradecimento: Enel.

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DEPOIMENTOS

Então é sobre isso que quero falar. É sobre isso que estamos sempre a falar, sobretudo quando ficamos em silêncio uns com os outros e não sabemos o que dizer. É tão difícil viver, não é? Manter-se de pé... Cair quando já se sabe andar: acho que escrevi isso nos primeiros textos que você leu abrindo nossas bienais de dança. Sim, viver é muito estranho.
Izabel Gurgel
Jornalista
Para além de uma simples plataforma de dança, a Bienal é um acontecimento que pulsa com a cidade, com o estado, com o país, com o mundo, com as múltiplas linhas de força que atravessam o tempo presente. A Bienal é um lugar de encontros, de partilhas, de resistência, de abertura de possíveis. Cada nova edição surge como uma atualização daquilo que respira, transpira e conspira para que a dança, em toda sua heterogeneidade, possa se dizer. A Bienal é plural.
Ernesto Gadelha
Pedagogo
Gostaria de pensar a Bienal Internacional de Dança do Ceará como uma imagem movente, um encontro de múltiplo alcance com o que se move, com aquilo que não é fixo nem acabado. Com movimentos vitais que não se querem maquinais nem utilitários. Com o gesto inoperante e sem finalidade próprio da dança e de onde podemos partir para coreografar novas formas de ser e de estar no mundo, novos modos de agenciamentos, ação e prazer coletivos - uma nova política de partilha do sensível.
Ethel de Paula
Jornalista
O evento mais representativo da dança no nosso país, pois seu conceito nos atravessa da maneira mais potente que a arte pode nos presentear.
Jorge Luiz Alves
COREÓGRAFO

AGRADECIMENTOS

Adriana Banana, Airton Rodrigues, Alex Santiago, Aline Rodrigues, Ana Catarina Vieira, Ana Filgueira, André Brayner, Rock Master, Armando Menicacci, Arnaldo Siqueira, Berenice Feitosa, Cacheado Braga, Camilo Santana, , Cláudia Pires, Cleber Helal, Consulado da França, Christine Paly, Cristina Becker, Davi Gomes, Diego Aragão, Dilma Rousseff, Edileuza, Eduardo Bonito, Élcio Batista, Elisabeth Jaguaribe, Elson Batista, Embaixada da França, Ernest Guillaume, Fabiano Piuba, Fábio Junior, Fabrice Olivier, Fabrice Ramalingom, Flávio Sampaio, Gerson Moreno, Goethe Institut, Iane Bezerra, Ingrid Ferreira,Instituto Iracema, Isabel Silvino, Ivna Girão, Izolda Cela, Jean Mark, João Wilson Damasceno, José Alves Netto, Juciclea, Júlio Brizzi,  Karlo Kardoso,  Leonel Brum,  Luís Fernando, Luisa Cela, Magdalena Kuehne, Maninha Morais, Márcio Araújo, Márcio Caetano, Marcos Antônio Magalhães Borges, Mardônio Barros, Marie Chouinard, Marina Carleial, Nayse Lopes, Pascal Claeys, Paulo Caldas, Paulo Linhares, Paulo Victor Gomes Feitosa, Pedro Edson, Priscyla Mendonça, Quitanda das Artes, Rachel Gadelha, Rafael Ferreira, Rede Cuca, Regina Studart, Reseda Streb, Roberta Silva, Rodrigo Oliveira, Samir Kassouf, Selma Santiago, Sílvia Bessa, Suzete Nunes, Tiago Santana, Xauí Peixoto.

OBRIGADO